O Lazareto do Porto do Francês em Marechal Deodoro


O Lazareto do Porto do Francês foi construído em 1855
Quando Antônio Coelho de Sá e Albuquerque assumiu a presidência em 13 de outubro de 1854, após ter sido nomeado em 8 de julho de 1854, a Província de Alagoas ainda se recuperava dos estragos causados pelo “flagelo da febre amarela”, como constatou o presidente anterior, dr. Manoel Sobral Pinto.
Em 1º de março de 1855, Sá e Albuquerque ainda cobrava um cemitério para a capital quando teve que também anunciar que desde o final do ano anterior havia uma epidemia de Cólera-morbo se espalhando pela Europa e que havia recebido do Governo Imperial do Brasil recomendações para que adotasse medidas sanitárias e preventivas, entre elas a construção de um Lazareto em lugar conveniente.
Após receber a colaboração de uma “Comissão composta de homens habilitados” para a escolha do local, Sá e Albuquerque anunciou: “Escolhi a costa do Porto do Francês, três léguas ao Sul desta Capital, aonde as correntes dos ventos não podem danificar os povoados vizinhos, e podem ancorar em porto seguro os navios que trouxerem doentes a bordo, e que deverem ser infectados”.
Em maio de 1855, quando entregava o governo a Roberto Calheiros de Mello, Sá e Albuquerque apresentou relatório aos deputados informando que o Lazareto estava pronto e elogiou o encarregado de sua construção “não duvidou sacrificar o próprio interesse dando a obra mais sólida do que a que estava recomendada pela planta”.

Ruínas do Lazareto do Francês
Cobrou a necessidade de uma cozinha e uma cisternapara o prédio e comunicou que havia indicado Antônio Tavares Bastos para zelar pelos “móveis deste Estabelecimento”, gratificando-o anualmente com 240 mil réis.
Um estudo recente da arquiteta Sara Azevedo Martinsidentificou que o Lazareto era pequeno e retangular, medindo 19,50m por 13,50m e coberto por duas águas. Internamente tinha uma grande enfermaria e mais três áreas de serviços, além de uma cisterna.
De volta ao poder no início de 1856, Sá e Albuquerque tornou a tratar do Lazareto, esclarecendo que a sua finalidade era o de isolar em quarentena os passageiros procedentes de lugares infecionados, onde receberiam medicamentos e a atenção de dois cirurgiões do corpo de saúde do Exército.
Ainda em 1856, quando a epidemia já estava controlada, o governante constatou que 17 mil vidas “foram ceifadas no solo alagoano”.

Localização do Lazareto do Francês
A partir de então não se encontra mais o registro em jornais de atividade no Lazareto, indicando que tinha sido desativado e o prédio abandonado.
Essa situação foi confirmada por Thomas Espíndola em sua Geografia Alagoana de 1871. Descreveu que o Lazareto estava em ruínas e explicou que a instituição se inviabilizou por ser de difícil acesso, principalmente por não oferecer cais para as atracações, dificultando a chegada de remédios, mantimentos e o desembarque dos pacientes e médicos.
A solidez da obra elogiada por Sá e Albuquerque ainda pode ser comprovada. As paredes do Lazareto ainda estão de pé na Praia do Francês.
Ao realizar esta pesquisa encontramos alguns estudos que se referem ao Lazareto como Leprosário do Francês. Mesmo considerando que as expressões são sinônimas, não foi encontrado registro indicando que o espaço na Praia do Francês destinado a quarentena de doenças como a Peste, Febre Amarela ou Cólera, também tenha sido utilizado como colônia para tratamento de hansenianos.
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